Em 1986, durante a campanha para o Governo do Estado, o então governador Jader Barbalho reuniu moradores do São Félix, em Marabá, para anunciar a desapropriação da área. Trinta e oito anos depois, nesta terça-feira (1º), seu filho, o atual governador Helder Barbalho, volta ao mesmo local com a mesma promessa, às vésperas de mais uma eleição. O anúncio ocorre em meio a uma grande desvantagem eleitoral do candidato do MDB em relação ao adversário Toni Cunha (PL), que lidera a corrida com 44% das intenções de voto, segundo pesquisa do Instituto Ampla, e em meio ao crescimento do candidato Dirceu ten Caten (PT), a terceira via. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número PA-05851/2024.
A ocupação da área que hoje forma o Núcleo São Félix remonta a 1985, de acordo com registros históricos obtidos pela equipe de reportagem. Após a invasão, Jader Barbalho, em uma movimentação política durante a campanha de 1986, prometeu regularizar a situação dos moradores, mas a promessa nunca foi cumprida. A história se repete agora, com Helder Barbalho fazendo uma nova promessa de desapropriação da área, após protestos dos moradores devido a um processo judicial que ainda envolve a região.
Dois moradores antigos, que preferiram não se identificar, revelaram à Reportagem do Portal Carajás Notícias que a promessa de regularização feita por Jader Barbalho nunca se concretizou, assim como outras promessas feitas por Helder Barbalho e seus aliados políticos em Marabá ao longo dos anos.
Exemplos de grandes projetos anunciados na região e que nunca saíram do papel incluem a construção da laminadora Alpa, cujo terreno foi desapropriado durante o governo da então governadora Ana Júlia Carepa (PT), aliada de Helder. A área destinada ao projeto foi recentemente retomada pelos proprietários após uma disputa judicial, pois os imóveis foram considerados subavaliados: o governo adquiriu 26 áreas pela bagatela de R$ 60 milhões, mas os proprietários não ficaram satisfeitos com a avaliação das áreas.
Helder Barbalho tem repetido esse padrão de promessas em época de eleição. Em 2022, por exemplo, ele anunciou a duplicação da BR-222, do Km 6 até a cabeceira da Ponte Rodoferroviária sobre o Rio Tocantins, assinando uma ordem de serviço com previsão de conclusão para dezembro daquele ano, ao custo de R$ 36,8 milhões. No entanto, a obra não foi realizada. A pergunta que permanece é: o governador retornará em 2026 para repetir o mesmo anúncio?
Outro exemplo é a Escola Gaspar Vianna, localizada na Folha 16, que foi demolida para ser reconstruída, mas que até hoje não foi entregue à comunidade. A escola está alocada em um prédio comercial alugado, cujo proprietário seria um servidor influente da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Talvez essa relação espúria explique o motivo de a reconstrução da unidade escolar nunca ter sido entregue para a comunidade escolar da Folha 16.
A população de Marabá já não aguenta mais tanta enganação de políticos que se julgam mais espertos que aqueles que os elegeram, e ainda aguarda a realização dos compromissos políticos repetidos ao longo das décadas. Com a palavra, o governador Helder Barbalho e seus asseclas.